Qual é o papel das instituições de ensino no incentivo ao debate e à reflexão dos estudantes?
Atualizado: 20 de jul. de 2020
Caco Barcellos, jornalista que lidera equipes de jovens no programa Profissão Repórter (TV Globo), ressalta a importância de um olhar questionador por parte do aluno e a função dos educadores nesse sentido
Para quem trabalha com educação é importante se atualizar sobre as tendências do setor, as metodologias inovadoras que surgem, novas tecnologias, mudanças do mercado, diferentes formas de estrutura de sala de aula e habilidades que vão além dos livros. Mas, antes de tudo, é necessário que educadores e gestores educacionais estejam atentos a um fator crucial nessa dinâmica: o aluno.
Saber o que os estudantes querem e precisam para ser tornarem cidadãos melhores, que possam efetivamente impactar o mundo, e dar as ferramentas para que isso se torne realidade é um papel fundamental das instituições de ensino. Segundo Caco Barcellos, jornalista com 40 anos de carreira como repórter investigativo e que atualmente está à frente do Programa Profissão Repórter (TV Globo), é necessário pensar em maneiras de tornar os estudos mais atraentes. “Nós temos muito o que fazer, porque os que buscam conhecimento têm muitas queixas sobre os modelos que são oferecidos atualmente”, afirma.
Ele explica que, no mercado, uma formação mais técnica é necessária, mas ela terá maior proveito se estiver atrelada a um componente de cidadania em tudo aquilo que a pessoa faz. Isso porque faz mais sentido enfrentar os desafios quando se sabe exatamente o que se quer e o que é necessário para o indivíduo e para sociedade. “A responsabilidade social é um tema um pouco esquecido e há um crescimento da pobreza e das desigualdades no país nesse momento. É necessário que os jovens cheguem ao mercado de trabalho conscientes dessas questões”.
Além disso, a escola deve aproximar o estudante da própria realidade na qual está inserido. “É fundamental para a formação de vida de um estudante, de um jovem politizado que entende o papel dele na sociedade, saber de que maneira essa sociedade o reconhece e o respeita”, diz Barcellos. Assim, é possível formar um cidadão mais rigoroso para enfrentar posteriormente um mercado extremamente competitivo, desafiador e ainda com pouca oferta de trabalho.
Outro ponto importante para conquistar um espaço nesse contexto é o desenvolvimento de um estudante questionador, que não aceite tudo que é imposto e que exige discussões com um bom embasamento. Isso é construído a partir do diálogo entre professor e aluno. Portanto, segundo Barcellos, é importante que a escola dê esse espaço para o jovem se sentir na liberdade de conseguir discutir o que está pensando, pois formar alguém que acredita que não pode questionar a hierarquia, por mais contraditória ou errada que ela seja, será um retrocesso.
“A gente precisa falar, refletir, discutir. Vivemos em um país que parlamenta muito pouco, não se discute, atualmente as pessoas só se ofendem. E respeitar o outro, o pensamento do outro, passa por uma formação que já começa na infância, dentro de casa, mas a escola pode contribuir muito para que as pessoas façam o exercício da reflexão e da discussão”, completa.
Caco Barcellos irá discutir o tema “Os Desafios da Nova Educação na Formação de Jovens Empreendedores” no GEduc 2020.
O GEduc é o maior Congresso de Gestão Educacional do país. Realizado pela HUMUS, empresa que desenvolve capacitações para gestores de universidades e escolas, o evento irá reunir mais de 60 palestrantes e conteúdos inovadores para discutir a “Disrupção na Educação”. Serão cinco dias – de 27 a 31/07 – de imersão às novidades e tendências da área educacional. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo link.
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