Quais são os novos caminhos para as instituições de Ensino Superior?
Maurício Garcia, cientista digital e Conselheiro Acadêmico do Inteli, destaca o papel da tecnologia e do aprendizado prático para a nova geração de profissionais
Com o avanço da digitalização ao redor do mundo, diversas áreas do conhecimento passaram a expandir as suas possibilidades fazendo uso da tecnologia. O momento atual é marcado por uma nova fase da inteligência artificial, com instrumentos de sofisticação máxima, como o robô ChatGPT, o Character.AI e o CoPilot – ferramentas capazes de realizar tarefas antes destinadas apenas para humanos, como escrever um texto complexo ou imitar uma celebridade.
Dado esse cenário, na educação básica, muitas escolas optaram por incluir temáticas da computação em sua grade, enquanto, na educação superior, nota-se a inserção de uma programação específica.
Computação específica nas Instituições de Ensino Superior
Nas instituições de Ensino Superior (IES), para fazer sentido para o aprendizado, a programação deve estar relacionada à atuação específica daquele futuro profissional. Assim, os instrumentos inseridos no curso devem dialogar com as tendências tecnológicas daquela área, seja ela a Administração, Agropecuária, Medicina, Engenharia, Pedagogia, ou qualquer outra.
Por que a tecnologia deve estar presente na educação?
Os avanços da inteligência artificial indicam que muitas tarefas – e, consequentemente, empregos – passarão dos humanos para as máquinas. É preciso, no entanto, que essas ferramentas sejam aprimoradas por profissionais qualificados - o que configura um primeiro motivo para a tecnologia ser destaque no futuro do ensino e do mercado de trabalho.
Além disso, hoje, é comum que um indivíduo não possua uma formação conectada entre o seu ramo e a programação. Nos próximos anos, isso mudará. “A tendência, ou a necessidade, é a formação do que chamamos de profissionais híbridos, que conhecem a sua área específica, mas também a computação. Então, a tecnologia deve estar presente na educação para formar essa nova geração”, diz Maurício Garcia, cientista digital e Conselheiro Acadêmico do Inteli.
O que os profissionais aprendem com o meio digital?
Em relação ao meio digital, os profissionais desenvolvem quatro principais soft skills: a capacidade de decompor; o reconhecimento de padrões; a abstração; e a construção de algoritmos. Todos esses elementos compõem o chamado pensamento computacional, que pode ser desenvolvido de forma autodidata ou em uma faculdade específica.
Vantagens do aprendizado prático
No cenário atual, uma das melhores formas de aprender, seja sobre tecnologia ou qualquer outro tema, é a prática. Com isso em mente, Maurício Garcia listou quatro vantagens do aprendizado por projetos:
1- Tangibilidade: o aluno enxerga sentido no aprendizado;
2- Aprendizagem ativa: estudantes desenvolvem autonomia ao colocar a “mão na massa”;
3- Colaboração: os trabalhos são quase sempre feitos com outros colegas, incentivando habilidades de liderança e escuta nos relacionamentos interpessoais;
4- Transição para a vida profissional é facilitada: o mundo profissional trabalha com a prática, não com disciplinas “engessadas”.
E o que as instituições de Ensino Superior devem abandonar?
Maurício Garcia dá uma recomendação para as IES: “podem abandonar e deixar no passado tudo aquilo que as amarram, como a grade curricular – até a palavra ‘grade’ já indica uma prisão –, o muro das disciplinas e essas barreiras intransponíveis que são os departamentos, que impedem a instituição de inovar.”
Maurício Garcia falará sobre “Novos caminhos para as IES. O que podemos criar? O que devemos abandonar? O que deve ser reinventado?” no GEduc 2023
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