Práticas híbridas de leitura no pós pandemia
Como discutir práticas de mediação de leitura na escola, com foco no Ensino Médio,
usando um modelo híbrido de ensino e aprendizagem? O que levar em conta na
escolha da situação didática de modo que o estudante tenha um movimento ativo
em seu processo de aprendizagem?
Para José Moran, Doutor em Comunicação pela USP e pesquisador de inovação
com metodologias ativas e tecnologias digitais, e um dos organizadores do livro
Metodologia Ativas para uma Educação Inovadora (Editora Penso, 2018), "as
metodologias ativas, num mundo conectado e digital, expressam-se por meio de
modelos de ensino híbrido, com muitas combinações possíveis e importantes para o
desenho de soluções atuais para os aprendizes de hoje.".
Portanto, levando em consideração o contexto de pós pandemia, em que muitos
aprendizados se deram em relação ao uso de tecnologias digitais, pretendo aqui
trazer um exemplo de como podemos tornar potente o equilíbrio entre o presencial e
online, o impresso e o digital, o trabalho individual em consonância com as trocas
coletivas entre estudantes. Para isso, vamos tratar dos conceitos envolvidos de
hibridismo, metodologia ativa, leitura e a ideia de inovação.
Sugestão de atividade de mediação de leitura
I) Pesquisa de conteúdo pelo aluno do Ensino Médio com curadoria prévia do
professor.
Em casa
● pesquisar a biografia de Clarice Lispector (autora brasileira indicada no
ENEM)
● pesquisar o contexto histórico do país, na época da produção da obra Hora
da Estrela
Em classe
● Leitura compartilhada de trechos da obra Hora da Estrela
● Debate presencial sobre como a obra dialoga com a situação de produção
da narrativa
● Produção em duplas de resenhas para indicação da obra para alunos de
outras séries.
Com essa curadoria prévia, o educador estará formando os seus estudantes sobre a
importância de fontes confiáveis de informação. Além disso, incentiva a autonomia
de pesquisa, com respeito aos diferentes tempos de leitura de cada aluno. Essa
atividade pode ser assíncrona e online, e com uma diversidade de gêneros, para
que os alunos e alunas possam ainda acessar diferentes linguagens e textos.
Discussões sobre os conceitos que embasam as escolhas metodológicas
- Ensino Híbrido
O contexto de Híbrido pede a compreensão conjunta do significado de
"Aprendizagem Ativa". A reflexão sobre o movimento ativo do aluno leva em conta a
sua curiosidade. Em citação à MORA (2013: p.66), José Moran (2018) traz em seu
livro que "(...)A curiosidade, o que é diferente e se destaca no entorno, desperta a
emoção. E, com emoção, se abrem as janelas da atenção, foco necessário para a
construção do conhecimento".
Para a aprendizagem ativa e profunda é necessário espaços de práticas frequentes
e multissensoriais, com modelos híbridos de aprendizagem. As propostas
pedagógicas devem levar em conta o acionamento dos conhecimentos prévios dos
estudantes, a tomada de consciência da construção de conhecimento e o educador
exercendo um papel de mediador ao incentivar a busca curiosa e criativa.
A flexibilização de espaços, de tempos, atividades, materiais, técnicas e tecnologias
é fundamental para que aconteça esse processo ativo.
- Aprendizagem Ativa
Quando o estudante reflete sobre o que está aprendendo, compreende os seus
objetivos e é protagonista do seu processo na experimentação. Assim, ele não
apenas adapta-se à sua realidade, mas sim a transforma para nela intervir.
Atividades híbridas, integradas entre o online e o presencial, possibilitando a
personalização da aprendizagem e atendendo às diferentes formas e ritmos de
aprendizagem, incentivam essa tomada de consciência do estudante e o faz ter
clareza de seu modo de aprender.
- O conceito de leitura
A leitura aqui, nesse contexto, é troca e diálogo com o texto, para que haja
atribuição de sentidos. O foco acontece nos discursos que perpassam as obras
lidas. Portanto, levando em consideração o contexto em que foi produzido.
A possibilidade de ler os diferentes gêneros textuais que circulam socialmente,
permite que os alunos reconheçam e compreendam diferentes linguagens,
percebendo as diversas esferas de circulação, recepção e produção.
O movimento de leitura na escola deve ter como ponto de partida os textos. Esses
são as unidades de sentido para a construção de significados. As práticas híbridas
de leitura colocam os estudantes como protagonistas do movimento leitor,
facilitando essa relação ativa frente ao texto.
- O que é a Inovação nesse contexto?
A ideia de inovação não precisa estar relacionada ao acesso às tecnologias digitais.
O digital não garante a inovação, por si só, o novo acontece na experiência de uma
nova prática (como por exemplo, a inversão da sala de aula).
No entanto, é evidente que as tecnologias digitais favorecem o acesso aos
conteúdos de qualidade, a troca colaborativa na construção da aprendizagem e a
produção coletiva e individual de conteúdo.
As possibilidade de uso inovador da tecnologia na formação leitora, perpassam:
1. Acesso à informação de qualidade e curada
2. A troca entre estudantes: diálogos síncronos ou assíncronos
3. A produção individual ou coletiva, potencializando a resolução colaborativa
de problemas
4. Acompanhamento e avaliação dos movimentos de leitura
Leticia Reina é Gestora Educacional da Árvore, e estará no II Fórum de Gestão do Ensino Híbrido, que será realizado no dia 31 de março, das 08h30 às 12h30, durante o GEduc 2022. Inscreva-se e inspire-se: https://www.geduc2022.com.br/inscricoes
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