O diagnóstico e o laudo: dificuldades e soluções no contexto escolar
No cenário escolar, os transtornos do neurodesenvolvimento representam um grande desafio para educadores e gestores. Condições como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtornos de Aprendizagem, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Deficiência intelectual, entre outros, têm impacto significativo no desempenho acadêmico e na socialização das crianças. Apesar disso, muitas vezes, o diagnóstico e o laudo médico não cumprem totalmente o papel de facilitar a inclusão e o suporte adequados no ambiente escolar.
Uma das principais dificuldades está na obtenção do diagnóstico. Embora seja comum que a escola seja o primeiro local a identificar comportamentos atípicos, a identificação depende de observações detalhadas e de uma comunicação efetiva entre a escola e a família. Muitas famílias têm dificuldade em acessar especialistas, seja por questões financeiras, geográficas ou por falta de conhecimento sobre os recursos disponíveis.
Além disso, mesmo quando o diagnóstico é realizado, o laudo médico nem sempre é compreendido ou utilizado de forma prática pela escola. Desde falta de recursos ou de capacitação de profissionais no ambiente escolar, até termos técnicos e linguagem complexa no laudo, podem dificultar a interpretação por parte de gestores e educadores, limitando a implementação de estratégias pedagógicas adaptadas.
Então, como superar esses obstáculos?
Fomentar a comunicação entre médicos e escolas É essencial que o laudo médico seja redigido de forma clara, com orientações objetivas que sirvam de guia prático para a equipe escolar. Por exemplo, em vez de apenas descrever as características do TDAH, o laudo pode sugerir adaptações específicas, como intervalos mais curtos entre atividades ou locais de estudo com menos estímulos.
Capacitar os educadores Oferecer treinamentos sobre os principais transtornos do neurodesenvolvimento ajuda a equipe escolar a reconhecer sinais precoces e a adotar estratégias de manejo. Gestores podem promover parcerias com especialistas para capacitar professores de forma contínua.
Criar uma rede de apoio A colaboração entre médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e a equipe pedagógica é fundamental. Quando todos os envolvidos compartilham informações e trabalham juntos, as chances de sucesso na inclusão e no aprendizado aumentam.
Garantir o acesso a avaliações e diagnósticos Políticas públicas que ampliem o acesso a profissionais de saúde especializados são fundamentais. Parcerias entre escolas e centros de atendimento podem ser uma solução eficiente, especialmente em áreas onde os recursos são escassos.
Por fim, é importante lembrar que cada criança é única, e o diagnóstico deve ser uma ferramenta para potencializar suas habilidades e reduzir barreiras, não um rótulo que limite suas possibilidades. Com um trabalho integrado e acolhedor, gestores e educadores têm o poder de transformar o ambiente escolar em um espaço verdadeiramente inclusivo e enriquecedor, favorecendo o aprendizado, a socialização e a boa evolução de nossas crianças e adolescentes.
Por Dr. Flavio Geraldes Alves, Médico Pediatra Pós-Graduado em Neurologia Infantil e da Adolescência - CRM-SP 117.104. RQE 43870