Felicidade é elemento estratégico para o aprendizado e o sucesso dos alunos

Promoção do bem-estar emocional, incentivo ao protagonismo, personalização do ensino e experiências acadêmicas significativas contribuem para a formação integral dos estudantes

Por Wagner Sanchez

Vivemos um momento crucial na educação, em que precisamos reimaginar nossas práticas e renovar nosso compromisso com o papel transformador que temos na sociedade. É necessário repensar com urgência o ensino superior, com foco em um modelo que coloque o aluno no centro de todas as decisões educacionais. Essa abordagem não só prioriza a excelência acadêmica e o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais, mas também integra um aspecto fundamental: a felicidade como elemento estratégico para o aprendizado e o sucesso do aluno.

Os jovens hoje clamam por uma educação com propósito. Eles querem mais do que aulas tradicionais; buscam experiências que conectem o aprendizado acadêmico às suas aspirações pessoais e ao impacto que desejam gerar na sociedade. Nós, educadores, precisamos colaborar positivamente para que o aluno realize seus sonhos, criando um ambiente que promova também o bem-estar emocional e o equilíbrio pessoal. 

A felicidade do aluno não se trata apenas de momentos de alegria pontuais, mas de um estado de realização, em que ele sente que está no caminho certo para alcançar seus objetivos pessoais e profissionais. É quando o estudante percebe que seu esforço é reconhecido, que ele tem suporte para crescer e que sua experiência acadêmica está alinhada aos seus valores e sonhos. 

Conexão afetiva com o aprendizado

Em um mundo cada vez mais dinâmico e complexo, as instituições de ensino não podem se limitar a apenas transmitir conhecimento técnico. É preciso preparar os jovens para a vida, ajudando-os a desenvolver competências emocionais, sociais e comportamentais que os tornem não apenas profissionais competentes, mas também indivíduos realizados e resilientes.

Estudos e exemplos globais mostram que alunos felizes são mais produtivos, apresentam maior capacidade de inovação e alcançam melhores resultados acadêmicos e profissionais. A felicidade é um diferencial competitivo que beneficia tanto os alunos quanto as instituições, elevando índices de empregabilidade e promovendo impactos positivos no mercado e na sociedade.

Nós, educadores, temos o compromisso com a criação de experiências acadêmicas significativas. Quando a escola dialoga com os desafios e aspirações do mundo real, ela permite que os estudantes criem uma conexão afetiva com o aprendizado, entendendo que suas ações podem gerar impacto e transformar a sociedade. Essa conexão emocional é um dos pilares para a formação de indivíduos mais engajados, realizados e preparados para lidar com um futuro repleto de incertezas.

Revolucionando a gestão educacional

Considero que algumas ideias e práticas podem transformar a gestão educacional e colocar o aluno no centro das decisões, conectando felicidade e sucesso a uma abordagem inovadora de ensino. 

Elas devem promover uma mudança cultural e estrutural, em que o aluno deixe de ser apenas um receptor de conteúdos para se tornar o protagonista de sua jornada de aprendizado. Isso envolve também integrar o bem-estar emocional, o desenvolvimento pessoal e a realização profissional em todas as etapas do processo educacional e incluem: 

• Felicidade como estratégia educacional

A felicidade do aluno deve ser um indicador central na gestão educacional, pois ela reflete diretamente no engajamento, na produtividade e nos resultados acadêmicos. Essa visão exige a criação de departamentos ou iniciativas dedicadas ao sucesso e felicidade do aluno, um conceito que já se mostra eficaz em instituições internacionais e que pode ser um grande diferencial para escolas e universidades brasileiras.

• Educação com propósito e impacto

Significa, por exemplo, promover projetos alinhados às grandes questões da sociedade, como sustentabilidade, diversidade e inovação tecnológica. Métodos como o Agile Challenge-Based Learning, que colocam os alunos para resolver problemas reais em parceria com empresas, tornam o aprendizado mais relevante e significativo, além de fortalecer a empregabilidade.

• Transformação digital e personalização do ensino

É essencial que as escolas se transformem digitalmente, pois o ensino analógico não tem mais impacto na vida dos jovens. Tecnologias inteligentes permitem personalizar o aprendizado de acordo com as necessidades e ritmos de cada aluno, promovendo uma experiência mais eficiente e centrada no indivíduo. Essa personalização pode melhorar significativamente os índices de retenção e satisfação dos estudantes.

• Formação integral 

A gestão educacional deve ampliar o foco além das competências técnicas e investir no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, liderança e pensamento crítico. Os educadores precisam ajudar os jovens a desenvolver ferramentas para lidar com desafios complexos e incertos.

• Ambientes acolhedores e humanizados

As instituições devem promover um espaço que valorize a escuta ativa, a diversidade e a inclusão, onde os alunos se sintam pertencentes e apoiados em suas jornadas. 

• Inovação como cultura institucional

É preciso incentivar uma cultura de inovação em todas as esferas da instituição, desde metodologias até infraestrutura. Laboratórios com tecnologias de ponta, programas de mentoria e incentivo à cultura maker são exemplos que podem transformar o espaço acadêmico em um ambiente de criação e experimentação, conectando os alunos às demandas do futuro.

Acredito que essas iniciativas direcionam a gestão educacional para um modelo centrado no aluno, mais dinâmico, inclusivo e conectado às demandas do mercado e da sociedade. 

Considerar a felicidade, o propósito e a inovação como pilares da gestão não apenas melhora os resultados acadêmicos, mas também fortalece a reputação das instituições e gera impacto positivo em longo prazo. 

O sucesso de cada aluno será o reflexo do nosso compromisso como gestores e educadores. Vamos juntos construir uma educação que inspire, que realize sonhos e que coloque a felicidade no centro do processo!

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Wagner Sanchez é pró-reitor acadêmico da Fiap, professor, escritor e pesquisador com mais de 28 anos de experiência em tecnologia, inovação e educação. Ele vai falar sobre “Felicidade e sucesso do aluno: a aliança para o futuro da educação” no GEduc 2025.    

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