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ARTIGOS

Gestão Educacional

Disciplinas Eletivas: uma possível solução

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Por muitos anos, mesmo décadas, as escolas que se propunham a preparar seus alunos para o futuro (profissional) precisavam vencer um obstáculo: o vestibular. Em São Paulo esse obstáculo, com raras exceções, se resumia ao desempenho dos alunos na Fuvest.

Por ter características próprias, alunos e professores sempre estudaram e treinaram provas anteriores da Fuvest. Na 2ª fase desse processo, provas específicas de acordo com a carreira escolhida pelo candidato justificavam que os alunos fossem divididos em áreas diferentes durante o Ensino Médio (ou melhor, o Colegial), já considerando qual carreira gostariam de prestar no vestibular e depois seguir profissionalmente.

A escolha de uma carreira nunca foi tarefa fácil para ninguém, em época nenhuma. Mas temos visto nos últimos anos um aumento crescente nas opções, na incerteza das “carreiras de futuro” e na insatisfação dos jovens em se manter em empregos/trabalhos que tragam apenas retorno profissional/financeiro. Cada vez mais, uma escolha de área a ser seguida logo no Ensino Médio se mostrava ineficiente e frustrante para alunos e professores.

Além dessa nova realidade, o mercado de trabalho começou a valorizar mais outras habilidades, como criatividade, trabalho em equipe, postura frente à resolução de problemas, capacidade de relacionar conhecimentos, em detrimento de apenas conteúdo acadêmico. Aquele mesmo conteúdo que era tão bem medido nos vestibulares.

As novas carreiras no mercado (que geraram novos cursos em faculdades, especialmente particulares, sejam elas novas ou redesenhadas) em consonância com as demandas da nova geração, faz com que processos seletivos precisem ser atualizados, para melhorar a avaliação/medida não só de conhecimentos acadêmicos, mas também daquelas outras habilidades.

A divisão dos alunos em áreas do conhecimento já no Ensino Médio estava com os dias contados.

Paralelamente e dialogando com essa realidade, chega o novo Ensino Médio. Com seu número mínimo de horas e conteúdos obrigatórios, e as trilhas a serem escolhidas pelos alunos.

Todo esse cenário exige que as escolas que pretendem formar alunos para o futuro, não só profissional, precisem combinar formação básica sólida, ampla e contextualizada, aliada a escolhas que os alunos precisam começar a aprender a fazer. Essas escolhas podem confirmar aptidões e interesses, ou podem até mesmo negar impressões iniciais dos jovens. Elas devem ser dinâmicas o suficiente para que o aluno possa experimentar e mudar de ideia, ou mesmo repetir e consolidar.

Uma possível solução a ser implementada pelas escolas é a oferta de disciplinas eletivas que devem ser obrigatoriamente cursadas pelos alunos ao longo do Ensino Médio. Mas tais eletivas não podem ser apenas conteúdos mais avançados, resquícios das áreas com seus aprofundamentos em determinados tópicos. Não podem ser apenas cursos preparatórios para processos seletivos antigos.

Para as eletivas contemplarem todas essas necessidades, elas precisam ser dinâmicas, apresentar conteúdos interdisciplinares, alinhados a diferentes estratégias de sala de aula.

A interdisciplinaridade deve ser mais ousada do que as já conhecidas Matemática com Física. Por que não combinar Biologia com História? Ou mesmo colocar a Arte e o Design para ser fio condutor de outros conteúdos, como Química ou Geografia? Essa ousadia ajudará os alunos a relacionarem conteúdos estudados separadamente e que, aparentemente, sequer pertenciam à mesma área de conhecimento.

As diferentes estratégias em sala de aula ajudam a promover nos alunos o desenvolvimento daquelas outras habilidades. Como em uma aula tradicional, em que apenas o professor atua, os alunos irão desenvolver capacidade de trabalhar em grupo? E se um trabalho em grupo proposto não é feito juntamente com o professor, em sala de aula, como os alunos poderão ter feedbacks imediatos sobre suas habilidades de criatividade e resolução de problemas em grupo, por exemplo?

Por fim, tais eletivas devem ser dinâmicas, com duração mais curta, para que os alunos possam diversificar as áreas mais rapidamente ou se aprofundar em alguma, se assim desejarem.

Eletiva interdisciplinar, com estratégias de sala de aula diversificadas e com menor duração, é apenas uma possível solução para atender às novas demandas que alunos, sociedade, mercado e novas diretrizes educacionais exigem. As escolas e seus professores também terão que se desenvolver nas habilidades de criatividade e resolução de problemas, sempre trabalhando em equipes, para criar soluções múltiplas.

Mayra Ivanoff Lora é Diretora Pedagógica do Colégio Bandeirantes e será moderadora no GEduc 2019, durante o XVII Congresso Brasileiro de Gestão Educacional. Conheça a programação e faça sua inscrição pelo site www.geduc2019.com.br 

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